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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Liberdade e independência

Confundi-se liberdade e independência. Acredita-se que liberdade é poder, poder fazer. Busca-se depender unicamente de si mesmo e não depender absolutamente de ninguém, mas isso não significa em liberdade; não se trata de uma opção pela solidão ou solitude, mas uma postura arrogante e defensiva, de evitar ou restringir contatos para não depender de outros, tendo ainda o outro como referencial da sua escolha, portanto uma opção dependente.

Fernando Pessoa, admirável poeta português, nos diz: "A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo". Sim, somos escravos porque escolhemos constantemente em função do outro. Poucas escolhas são feitas por nossa conta e risco, poucas são as escolhas que fazemos independentes (pendente-dentro, ie, assumindo referencial interno); talvez isso exija elevando grau de confiança em si mesmo, mas sendo diferente do egoísmo que faz apenas o que quer, sem importante com o bem comum.

Liberdade é conquistada na luta contra o egoísmo e o orgulho, o medo e a vontade volátil. Ela não exclui o outro, assim como não passa por cima dele para fazer o que quer, porque liberdade é poder escolher suas próprias prisões, com disse Sartre, filósofo francês.

Liberdade não implica em ser somente eu, sem ninguém a me cercear. "Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência" (Léon Tolstoi, escrito russo). A verdade do humano é que ele precisa de um outro para se relacionar e então "ser", ou melhor, "se tornando". Portanto, como ser gregário substancialmente, liberdade não pode ser antagonista, mas deve coexistir. Não consigo concorda com Epicuro, filósofo da Grécia Antiga, que diz ser a liberdade é o maior fruto da auto-suficiência.

Não se render à busca de prazer (a todo o custo), de poder (a toda mostra) e de segurança (desesperada), ou seja, não se render à força das necessidades secundárias, isso sim é liberdade; isso é o que permite comportamentos e escolhas autênticas e refletidas; é o que faculta ações e atitudes empáticas, congruentes, afetuosas, simples, sem expectativas irreais, estimulantes e autônomas.

George Bernard Shaw, dramaturgo irlandês e Nobel de Literatura disse "Liberdade significa responsabilidade. É por isso que tanta gente tem medo dela." Nessa responsabilidade estão as escolhas que permitem o equilíbrio de si e do social. "A renúncia é a libertação. Não querer é poder." (Fernando Pessoa). Estão dentro da liberdade o "sim" e o "não", o fazer o não fazer, porque ela é condição de escolhe, não a mera condição de realizar, a simples materialização dos desejos.

"O homem é livre; mas ele encontra a lei na sua própria liberdade". (Simone de Beauvoir, filósofa e escritora francesa)

"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda".(Cecília Meireles, poetisa brasileira)

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